Meu
querido irmão,
Bom dia!
Que o
raiar do dia
Brilhe em
seu rosto
E brilhe
em sua vida!
Que os
seus dias
Sejam
ricos
De
alegria.
Meu amado
E querido
Irmão,
Estamos
vivos!
Tenho de lhe
dizer:
Estamos
vivos!
Você
Não está
Sozinho!
Você está
No meu
coração
E na
minha alma.
Você está
Dentro de
mim
E no
reflexo da água.
Você é
parte de mim
E eu sou
parte
De você!
Nós somos
um
Dentre
Todos os
outros.
Nós não
Estamos
Sozinhos.
Que o dia
Testemunhe
Nosso
nascimento!
Que a
aurora
Perceba
A nossa
existência!
Que os
campos
Recebam
Os nossos
passos!
Que o
mundo
Aceite
A nossa
presença!
Meu
irmão,
Meu
querido
E amado
Irmão,
Há tempos
Tento lhe
falar
Uma
coisa:
Eu estou
aqui!
Me escute:
Eu estou
aqui!
Você
Não está
Sozinho!
Eu
preciso
Desesperadamente
De você.
Eu
preciso
Desesperadamente
Saber de
você.
Eu
preciso
Desesperadamente
Estar com
você!
Meu
irmão,
Meu
querido
E amado
irmão,
A minha
tenda
Está
aberta
A você
Caso
queira
Se
esconder
Dessa
noite fria.
A minha tenda
Está
aberta
A você
Caso
queira
Enganar
A fúria
dos lobos.
Meu
coração
Está
ligado
Ao seu.
Meu
sangue
É
vermelho
Assim como
o seu.
Nem o
tempo
Pode
apagar
Isso.
Nem a própria
vida
Pode
apagar
Isso.
Meu
irmão,
Quem será
você
Nessa
multidão?
Abraçará
a verdade
Ou fará
parte
Da
ilusão?
Meu
irmão,
Meu
querido
E amado
irmão,
Percebe
A
escuridão
Que se
aproxima?
Percebe
O mal
Que agora
cresce?
Escuta o
som
Do trovão
Ao longe!
Escuta o
som
Das
trombetas
Ao longe!
Escuta
O bater
de asas
Dos
gafanhotos!
Escuta
Os gritos
da turba
Furiosa!
A
multidão
Que nos
persegue
Insistentes
Têm fome
De sangue
Entre os dentes.
Todos querem
Um pedaço
De nós.
Todos desejam
Uma libra
De nossa carne.
Eles vêm
Durante
A noite.
Eles vêm
Durante
O dia.
Eles
Nunca
Dormem.
Eles
Nunca
Desistem.
Eu vejo somente
Ódio
Em seus olhos.
Eu vejo somente
Rebeldia
Em seus olhos.
Eles nascem
Dos murmúrios
E contendas.
Eles são frutos
Da raiva
E da hipocrisia.
Eles veneram
Ídolos
De mármore.
Ídolos de ouro,
Prata
E bronze.
Eles Clamam
Um pedaço
De nossa terra.
Eles Exigem
Até mesmo o suor
De nossa testa.
Não há alimento
Nesta terra
Que sustente,
Pois, sua
Fome
É desmedida.
Não há cobertor
Nesta terra
Que aqueça,
Pois, seu coração
É o frio do inverno
Mais extremo.
Não há justiça
Nesta terra
Que satisfaça,
Pois, esperam
Que o mal maior
Sempre prevaleça.
Não há razão
Pra que nada disso
Aconteça
E, ainda assim,
Tudo
Acontece!
Quem
Pôs nossos irmãos
Contra nós?
Quem
Nos pôs contra
Nossos próprios
irmãos?
Quem nessa Terra,
Realmente,
Somos nós?
Quem nessa Terra,
Realmente,
São eles?
Quem sabe
De que lado estamos
Do espelho?
Todo esse ódio
Não nasce sozinho
Nas dunas.
Toda essa raiva
Não cresce sozinha
Na areia.
Então, quem nos odeia
tanto
Querido e amado
Irmão?
Quem, há tempos,
Tem nos jogado
Um contra o outro?
Meu irmão,
Meu querido
E amado irmão,
Alguém, há tempos,
Rouba
Todo o nosso gado.
Alguém, há tempos
Contamina
Toda a nossa água.
Alguém, há tempos,
Assalta
Os nossos sonhos.
Alguém, há tempos,
Queima
Tudo o que nos resta.
Mas, quem nos odeia
Há tanto tempo,
Amado irmão?
A culpa
De tudo isso
Não é sua.
A culpa
De tudo isso
Não é minha.
Então de quem será,
Na verdade,
Toda a culpa?
Quem será,
Afinal, o nosso
Único acusador?
Quem vem
Para roubar
Todo o nosso fôlego?
Quem vem
Para destruir
As nossas esperanças?
Quem
Nasceu
De uma contenda?
Quem
Nasceu
De uma simples mentira?
Quem rasteja
Entre os lagartos
Do deserto?
Quem conversa
Com as estrelas
Do infinito?
Contra
seus
Próprios
irmãos?
Quem blasfema
Contra os céus
E o próprio criador?
Quem será
O nosso maior
Assassino?
Quem será
O nosso maior
Adversário?
Quem será
Nosso irmão
Desconhecido?
Quem irá
Quebrar o silêncio
Nesse fim tão
violento?
Meu irmão,
Imploro que me salve
Dessas ruas sujas.
Imploro que me abrace
Nessa noite
Tão fria e tão
escura.
Imploro que me
conceda
Uma simples oração
Nesse silêncio momentâneo.
Alguém trama
Constantemente
Contra nós.
Alguém
Quer ver
O nosso fim.
Meu irmão,
Querido e amado
Irmão,
Me abrace
Quando o vento
For gelado demais.
Me abrace
Quando ouvir
Meu suspiro de dor.
Minhas mãos
Tremem
De frio e de medo.
Meus ossos
Tremem
De frio e de medo.
Meu irmão,
Onde você estará
Agora?
Você estará
Dentro dos carros
Que passam velozes?
Você estará
Nas vitrines
Das lojas de roupas caras?
Você estará
Nos outdoors de neon
No centro da cidade?
Você estará
Nas propagandas
De marcas famosas?
Onde você
Estará,
Meu amado irmão?
O som
Do trovão
Se aproxima!
Quase
Explode
Meu coração!
Meus ossos
Tremem
De frio e medo.
Eu espero
Por algo
Que não me deve explicação.
Eu espero
Por algo
Que não compreendo.
Eu espero
Por algo
Que seja uma
revelação.
Decerto
Surja
Entre os cactos.
Decerto
Cresça
Entre a grama queimada.
Decerto
Seja apenas
Mais um sonho.
Decerto
Seja apenas
Outro desejo escondido.
Meu irmão,
Nesse dia especial,
Quem será você hoje?
Nesse dia especial,
Onde estará
Você hoje?
Será você,
Meu irmão,
Meu único amigo?
Será você,
Meu irmão,
Meu maior inimigo?
Estará você,
Irmão, ao meu lado
Nessa noite fria?
Estará você,
Irmão, junto
À turba furiosa?
Meu irmão,
Meu querido
E amado irmão,
Será você
Aquele
Que dorme ao relento?
Será você
Aquele que
Luta contra o frio?
Será você
Aquele
Que enfrenta os
lobos?
Será você
Aquele
Que protege os seus?
Quem será
Você,
Meu querido e amado
irmão?
Meu
irmão,
Eu imploro
Que me
receba.
Meu
irmão,
Eu
suplico
Que me
ouça.
Meu
querido
E amado
irmão,
Me
aceite!
Me
perceba,
Me
entenda
E me
acolha.
Me aceite
Do jeito
Que eu
sou!
Me receba
Em sua
tenda
Nessa
noite fria.
Me aceite
De braços
abertos
Nessa
noite tão escura.
Me acolha
Nesses
dias
Tão
sombrios.
Me
proteja
Desses
dias
Tão
terríveis.
Meu amado
E querido
irmão,
Me
abrace.
Eu
preciso
Muito
Que você
me abrace.
Eu
necessito
Do ar
Que tu
respiras.
Eu
necessito
Do
endereço
Dos teus
passos.
Eu
preciso
Ouvir
A tua voz
rouca
Mesmo
Que seja
Por um mísero
instante.
Mesmo
Que seja
Por um mísero
segundo.
Mesmo
Que não
diga
Absolutamente
nada.
Mesmo
Que me
diga
Absolutamente
tudo.
Eu
preciso
Que
escute
Eu abrir
meu coração
Nem que
seja
Apenas
Por um
segundo
Meu
irmão,
Meu querido
E amado
irmão,
Eu sinto
Todo o
frio
Que se
avizinha.
Eu vejo
Todo o
medo
Que não
se explica.
Eu
preciso
Tanto
De você!
Eu
preciso
Que você
Esteja aqui
por perto
E me
aqueça
Caso esse
frio
Persista.
Eu
preciso
Que você
Me
proteja
Caso
Todo o
mal
Me alcance.
Eu
necessito
Tanto
De você!
Eu
preciso
Que me
guie
Nessa
noite densa.
Eu
preciso
Que me
esconda
Da fome
dos lobos.
Que
dissipe
Todos
Os meus
medos,
Que lave
Todos
Os meus
pecados,
Que seque
Até mesmo
As minhas
lágrimas,
Que lute
Por mim
Com todas
as suas forças.
Eu
preciso
Tanto de
você,
Meu
querido irmão.
Eu gostaria
tanto de
Poder tocar
Seu rosto
mais uma vez.
Eu gostaria
muito
De sentir
A sua
pele mais uma vez.
Eu
preciso tanto
Ouvir
A sua voz
mais uma vez.
Eu
preciso
Sentir
A sua
presença mais uma vez.
Eu
preciso
Que me
abrace;
E que seu
abraço seja sincero.
Eu
preciso
Que me diga
Para não
ter mais medo.
Eu
preciso
Que me
diga
Que vai
dar tudo certo!
O som do
trovão
É
ensurdecedor
E se
aproxima cada vez mais.
A fome dos lobos
Não cessa
Nem diante do
crepúsculo.
Vejo cidades inteiras
Ardendo
Em chamas.
Vejo a escuridão
Mais negra
Tomar corpo
rapidamente.
Vejo a perdição
alimentar-se
Satisfeita
De um rebanho de
ovelhas.
Vejo o rebanho abraçar
a noite
E se juntar
À alcatéia.
Vejo lobos
E ovelhas
Confraternizando.
Vejo-os abraçar
O mal completo
Em um pacto noturno.
Diante de meus olhos,
Finalmente,
Eu vejo o fim que se descortina.
Escuto o som do
trovão,
Finalmente,
Em sua plenitude.
Não há mais
Venda alguma
Em meus olhos.
Vejo milhões
Emitirem seu último
suspiro
Diante de meus olhos.
Meu irmão,
Meu querido e amado
Irmão,
Como posso dizer
O quanto
Eu te amo?
Como posso dizer
O quanto
Você fará falta?
Como posso dizer
O quanto
Eu amei você nessa
vida?
Como posso olhar
Em seus olhos
Sabendo que nunca
mais te verei?
Quem pôs
Esse sangue
Em minhas mãos?
Quem pôs
Essa arma
Em minhas mãos?
Meu querido
E amado
Irmão,
Onde
Estará
Você?
Estará
Você
Nas plantações de
algodão?
Estará
Você
Nas minas de carvão?
Estará
Você
Nas mesas de bar?
Estará
Você
Nas canções de ninar?
Estará
Você
Nas masmorras de
pedra?
Estará
Você
Nas páginas amarelas?
Estará
Você
Nas montanhas do
deserto?
Estará
Você
Nas florestas de
concreto?
Estará
Você
Nas cartas de amor?
Estará
Você
Nas histórias de
terror?
Estará
Você
Entre os perseguidos
Ou estará
Entre
Os que perseguem?
Estará você
Entre
Os de barriga vazia
Ou estará
Entre
Os que tem de tudo?
Estará você
Entre
Os mais populares
Ou estará
Entre
Os descartáveis?
Estará você
Entre
Os colonizadores
Ou estará
Entre
Os colonizados?
Meu irmão,
Meu querido
E amado irmão,
Estará você
Entre
Os eleitos?
Estará você
Entre
Os desafortunados?
Meu irmão,
Querido
E amado irmão,
Abrace
Meus
Problemas,
Abrace
Minhas
Lutas,
Abrace
Minhas
Lágrimas,
Abrace
Meus
Soluços,
Abrace
Minhas
Cicatrizes,
Abrace
Minhas
Esperanças,
Abrace
O que me é
Mais caro...
ADROALDO BARBOSA JR. é um poeta brasileiro residente na cidade de Foz do Iguaçu/PR. Considerado um poeta maldito é conhecido apenas em círculos específicos e não é vasto o material encontrado que leva a sua assinatura. Participou de algumas coletâneas poética brasileiras e seus livros são vendidos através da Amazon em formato e-book. De acordo com seu site pessoal e dados obtidos através de outras redes sociais, trata-se de um professor especializado em redações. Parece ter trabalhado até como frentista antes de se tornar um poeta, mas, a informação ainda carece de uma verificação mais aprofundada. Sua verve literária parece sofrer influências de autores como Florbela Espanca e Raymond Chandler. Um poeta com uma escrita simples (sem ser simplista) e ao mesmo tempo interessante.
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